21.7.09

moto perpétuo



Até quando, meu Deus?
Bom dia, caros ouvintes, lindo dia música no ar notícias nacionais e internacionais!
Torneira aberta creme de barba navalha loção banho.
Terno e gravata.
Café pão manteiga geléia queijo iogurte.
Sol fraco ventos frios chuva no decorrer do período.
Carros caminhões ônibus pessoas pessoas pessoas avenidas sinais edifícios casas cachorro freada...Quase!
Quer me matar, desgraçado?
Manhê, me compra aquele tênis? Compra, hein, manhê? Cê compra? Hein, mãe? Responde!
Com esse preço? Nem pensar!...
Lojas vitrines escadas rolantes elevadores portas portas portas.
Cartão-de -ponto:plim plim...
Cafezinho.
Assina papéis assina papéis assina...
Carimbo carimba carimba.
Almoço. Arroz grudento feijão ralo croquete gorduroso salada murcha. Goiabada e queijo minas.
Reunião. Gastos demais dinheiro de menos contenção de despesas corte de funcionários.
Crise crise crise.
Desemprego.
Casa de subúrbio trem escola pública jóias no prego mulher mau-humor. Brigas brigas brigas.
Classificados sapato furado calos varizes frustrações não não não.
Dinheiro final paciência final casamento...fim.
Camisa suada surrada biscates fraqueza desânimo frio botequim.
Cachaça cachaça cachaça doença enfermaria roupa lavada.
Volta à vida vergonha na cara.
Biscates trabalho emprego dinheiro.
Nova casa
nova mulher
novo filho.
Queijo minas e goiabada. Murcha salada gorduroso croquete ralo feijão grudento arroz. Almoço.
Carimba carimba carimbo.
Assina papéis assina papéis assina... Cafezinho.
Plim plim: cartão-de -ponto.
Portas portas portas. elevadores escadas rolantes vitrines lojas
Nem pensar!...Com esse preço?
Responde! Hein, mãe? Cê compra? Compra, hein, manhê? Manhê, me compra aquele tênis?
Desgraçado, quer me matar?
Quase! freada cachorro casas edifícios sinais avenidas pessoas pessoas pessoas ônibus caminhões carros
No decorrer do período chuva frios ventos fraco sol.
Iogurte queijo geléia manteiga pão café.
Gravata e terno.
Banho loção navalha creme de barba aberta torneira.
Internacionais e nacionais notícias no ar música dia lindo, caros ouvintes, bom dia!
Meu Deus, até quando?

O nosso cotidiano é uma sucessão de atos repetitivos, por força de hábito, praticados frequentemente e dos quais, achamos, não há muito como escapar.
Acordamos, fazemos as refeições, vamos aos mesmos lugares, pelos mesmos caminhos. Assistimos aos mesmos programas nos mesmos canais de televisão e ao mesmo estilo de filmes. Lemos o mesmo jornal e só ouvimos um único tipo de música.
Damos atenção sempre às mesmas coisas, fazemos tudo do mesmo jeito e nos negamos a pensar de forma diferente.
Essa é a armadilha em que caímos. Até porque a rotina é bastante confortável e, é verdade, muitas vezes necessária!
Os hábitos cristalizados, no entanto, embotam a criatividade, restringem o crescimento pessoal e minam a alegria da tentativa, da descoberta, da aventura, enfim, de viver.
Vamos pôr um pouco de tempero em nossas vidas e ousar mudar pelo menos algumas coisas; procurar dar outro enfoque ao cotidiano.
Talvez a gente se surpreenda agradavelmente com o resultado! E, mesmo que isso não aconteça, nós nos saberemos seres capazes de tentar!

13.7.09

Nossa relação com o passado








 Interessante observar a nossa relação com o passado. Não falo aqui do pretérito individual, mas como entidade coletiva. Ora é criticado como velharia, ultrapassado, fora de moda, complicado, absurdo ou tolo: “Isso já era! Que coisa mais antiga! Isso não serve mais!”


Outras vezes, aclamado, endeusado, perfeito: 'Naquele tempo...como a vida era muito melhor!...como as pessoas eram mais sábias e honestas!...como tudo funcionava bem!”


Pois é! Complicadinha essa relação e isso tão somente porque a gente esquece uma lição que foi deixada por Aristóteles há mais ou menos (sou pavorosa em datas) dois mil e quinhentos anos atrás? Bem... há alguns milênios, com certeza. Defendia ele: 'A sabedoria se encontra no equilíbrio entre dois extremos’, ou algo semelhante.




O passado, assim como o presente e quiçá (tão chique esta palavra!) o futuro, trazem coisas boas e más. Facilidades e dificuldades. Bem e mal.
O antagonismo, não está no tempo, nem na vida, nem no mundo, mas naquele que manipula todos eles: o antagônico ser humano.

12.7.09

meu neto desenhista





Ele desenha. Eu ponho cor. Netos são uma delícia!

Sob a chuva





A chuva cai mansinha do céu cinzento. Embora ainda seja dia, já é noite. A água que escorre pelos vidros da janela deixa sulcos lacrimosos na sujeira acumulada.

Chora o tempo...

A noite se esgueira pelas frestas do telhado e a escuridão se adensa.

A combinação mágica da ausência de luz e o som das gotas batendo na vidraça provoca visões...

Insinua-se uma estranha sensação de perda. Suave e doce como esta chuva.

Passado e presente se mesclam, se fundem e se separam...

Vou e retorno no tempo.

E a chuva segue mansa e indiferente. Cai do céu porque esse é seu destino, sua função irretorquível...



Não há dor nem euforia. Uma quase paz lambuza a alma, sem a doçura do mel, mas com sua maciez.

Tenho preguiça, mas não sono.

O pensamento vagueia a esmo, impossível de conter e indiferente como a chuva que cai.

Saudade de um tempo perdido no espaço, distante, intocável...

Já não é mais dia, veio a noite.

A chuva continua a cair do negro céu noturno. Sinto a água que escorre de meus olhos mansamente pela face.

Chora o tempo...

Choro eu...

The dark side


Sento-me na plataforma do mundo e espio. A chuva cai persistente.
Olho a casa vazia...o reboco caído das velhas paredes que se espalha pelo chão.
Não choro...não tenho vontade. Sem reação, apenas espio. E a chuva continua descendo meio à neblina pegajosa que tudo envolve.
Procuro, debaixo do céu escuro, alguma réstia de luz que conforte, me guie... A luminosidade pardacenta não permite ver além do meu próprio corpo. Este corpo estranho que não é meu. Que é perecível e gasto. Sou mais do que ele. Eu sei, porém...
Curvo a cabeça em direção ao umbigo. A escuridão aumenta...Se há algo em torno, não percebo, não consigo ver. Não agora...não neste instante. Se alguma luz brilha lá fora, o nevoeiro a embaça.
Ainda que me ofertem flores, estou triste demais para admirá-las, sentir seu perfume, perceber a cor que vibra em suas pétalas, cuja maciez ignoro.
E essa tristeza leva-me a um mundo estranho povoado de pessoas que não vejo. Que não me vêem. Que nada sabem sobre o fantasma que sou neste momento.
Os aviões rugem a caminho do nada, do destino fugidio, imponderável. E a chuva... chora.
Uma fugidia esperança de contato leva-me ao outro... Silêncio. A ausência na presença muda. A solidão acompanhada.
A música...
O mar infinito ...
O pio triste das gaivotas...
A rocha fria.
E aqui estou. Na sombra, na solidão das alturas, aguardando pelo momento da redenção.
E ela virá.
Ela sempre vem...

Melancolia


Hoje eu não quero dizer nada
Hoje eu só quero ver as formas, as cores, a luz da natureza em festa
Ouvir música que embala os sentidos faz sonhar e provoca doce preguiça, devaneios
Cheirar o chocolate derretendo em fogo brando, transformação mágica em glacê do bolo de cenoura
De resto... não quero nada
Estou triste, de uma tristeza mansa e calma. Sem dramas. Por isso hoje não quero dizer nada!
Só quero o silêncio do espaço infinito... Do universo que eternamente se expande...
Sem precisar de nenhuma de minhas palavras.

1.7.09

Olhando o mundo por minha janela


Soberbo é o mundo visto da janela do meu canto. É um mundo de sonho, cheio de encantamento e de paz. Um mundo onde a natureza é bela e repousante. Um mundo de verdade e fantasia. Um mundo que existe e não há.
O sol é ouro, a chuva é prata. O barro vermelho é sangue que pulsa em vida e paixão. O vento é carícia que despenteia o cabelo e refresca o corpo suado da lida diária.
Há luares, muitos, múltiplos, plenos. A luz suave que romantiza a noite, que ilumina sem escaldar. Que não ofusca, apenas envolve mansamente a escuridão. O sol alegra e aquece. A lua faz sonhar melancolicamente.
Há água em profusão: doce, salgada, mansa e em ebulição. Corre pelo solo, cai em catadupas, se espraia pelos campos, cai das nuvens, revolve-se em ondas e tinge o planeta de azul. Quase todo...Espanta-me não sermos peixes.
Eu olho o mundo. O mundo me olha. Apaixonados pela beleza nossos olhos se encontram e brilham em estrelas e luar, em sonho e realidade, em amor pela vida que se quer boa, limpa e desesperadamente linda.

homens do cinema