12.1.14

Gil Elvgren, um mestre do retrato feminino

Gil Elvgren (15 de março de 1914  a 29 de fevereiro de 1980), nascido Gillette Elvgren, foi um pintor americano de pin-ups, publicidade e ilustrações , considerado um dos mais importantes do século XX nessas áreas. Esteve em atividade de 1930 a 1970.  Foi um mestre em retratar o feminino, mas não se limitou a indústria pin-up do calendário.








As lindas garotas de Alberto Vargas

Alberto Vargas nasceu na cidade de Arequipa, no Peru, em 9 de fevereiro de 1896. Ninguém poderia ter previsto que um humilde filho de uma remota cidade andina criaria um legado que tanto forma como reflete os ideais de beleza americano no século 20. Seus retratos, pinturas sutilmente detalhadas e graciosas, ajudaram a definir a imagem icônica das pin-up girls, consolidando seu nome no mundo da arte, de Hollywood e da cultura pop, e continuando a influenciar as gerações posteriores de artistas.






Pin ups: voyeurismo e identificação


É inegável que pin up girls fizeram e continuam fazendo enorme sucesso. Você alguma vez já se perguntou por que isso acontece? Que universo psicológico elas adentram para captar atenção tanto de homens quanto de mulheres? Eu me fiz essa pergunta e vou tentar respondê-la. Isso não significa elaborar um profundo tratado sobre o assunto, mas tentar saciar a minha própria curiosidade. E quem sabe também a sua?

O termo pin-up pode ser utilizado de forma genérica para nomear a fotos, desenhos, pinturas e outras ilustrações, cujas características principais são a beleza e a sensualidade das mulheres retratadas.


Essa nomeação foi documentada pela primeira vez em1941; mas desde a década de 1890 podem-se encontrar exemplos desse fenômeno: os postais que eram guardados a sete chaves dos olhos das moças respeitáveis pelos rapazes que os colecionavam. Tais ilustrações apareciam frequentemente também emcalendários, que eram produzidos para serem pendurados (em inglês, pin-up).



Posteriormente, na Paris do fim do século XIX, com ilustrações de Alphonso Mucha e Jules Cheret surgiram os primeiros pôsteresde pin-up girls em poses sensuais e, a partir de então, começaram a ser produzidos em massa, por diferentes artistas, alguns inclusive alcançando fama internacional.





Para tentar responder a questão que me propus é necessário que analisemos primeiramente dois conceitos:
Voyeurismo é a prática em que o indivíduo obtém prazer sexual na observação de pessoas. Essas pessoas podem estar envolvidas em atos sexuais,nuas, em roupa interior ou com qualquer vestuário que seja apelativo para o indivíduo em questão e se manifesta de várias formas, embora a característica principal seja o fato de o indivíduo não interagir com o objeto de desejo.
Identificação é, na vertente que vamos utilizar, um processo psicológico fundamental no desenvolvimento da personalidade, pelo qual um indivíduo adota características que pertencem a outro indivíduo tomado como modelo.

Coloco as definições porque me parece que ambos estão, de certa forma, envolvidos nesse enorme sucesso das pin up girls. Explico:

Há na simples visão dessas mulheres idealizadas em formas fisicamente perfeitas, na perfeição de traços fisionômicos (considerados sob o aspecto de beleza adequado a cada época, é bom que se ressalte) que provocam o tal prazer sensual ao serem observadas. Há a provocação do desejo nessa visão, mas o indivíduo não interage com o objeto do desejo.
Esse traço não pode ser confundido com o uso de pornografia. Não aqui. Não é esse o paralelo que procuro estabelecer. As pin-up não eram as mulheres de verdade, porém eram criadas para atiçar a fantasia masculina, por essa razão eram figuras idealizadas, não vulgares. Provocativas, insinuantes, dissimuladas, misturavam sensualidade e inocência. Muitas apareciam vestidas, outras deixavam à mostra as pernas, ou partes do corpo em transparências, ou grandes decotes, com expressões ingênuas, surpresas ou assustadas que levaram uma geração de homens à loucura. Mostravam sem mostrar.  E ainda que aparecessem completamente nuas, os rostos exibiam sorrisos alegres, marotos não lascivos e, muitas delas um olhar distante e tranquilo.














A sociedade costuma estimular o destaque, o seja diferente, o seja original. Em decorrência disso aparece um certo medo de ser comum, igual, quando na verdade nada há de comum e igual entre duas pessoas, cada uma delas já é única. E nisso reside a descoberta da identidade: tornar-se o que se é. Em contrapartida, o desenvolvimento da personalidade apoia-se nos outros _pai, mãe, professores, amigos, personalidades de destaque social _cujas características admiramos e tomamos como modelo. E é aí que as garotas do calendário entram: lindas, perfeitas, felizes, sensuais. Modelos acabados das características que pretendemos incorporar. E com elas nos identificamos.
É claro que pin ups não são a realidade e as nossas ilusões passam, não a realidade. Com o tempo percebe-se isto: é inatingível uma realidade de sonho, de puro desejo. Mas aquela sensação permanece e, ao ver uma pin up, a pergunta alegre ecoa em nós: Eu realmente nunca fui assim, mas que mal fez sonhar?