12.7.09

Sob a chuva





A chuva cai mansinha do céu cinzento. Embora ainda seja dia, já é noite. A água que escorre pelos vidros da janela deixa sulcos lacrimosos na sujeira acumulada.

Chora o tempo...

A noite se esgueira pelas frestas do telhado e a escuridão se adensa.

A combinação mágica da ausência de luz e o som das gotas batendo na vidraça provoca visões...

Insinua-se uma estranha sensação de perda. Suave e doce como esta chuva.

Passado e presente se mesclam, se fundem e se separam...

Vou e retorno no tempo.

E a chuva segue mansa e indiferente. Cai do céu porque esse é seu destino, sua função irretorquível...



Não há dor nem euforia. Uma quase paz lambuza a alma, sem a doçura do mel, mas com sua maciez.

Tenho preguiça, mas não sono.

O pensamento vagueia a esmo, impossível de conter e indiferente como a chuva que cai.

Saudade de um tempo perdido no espaço, distante, intocável...

Já não é mais dia, veio a noite.

A chuva continua a cair do negro céu noturno. Sinto a água que escorre de meus olhos mansamente pela face.

Chora o tempo...

Choro eu...

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