4.11.15

Pequena variação em torno do mesmo tema


Gosto de ser mulher, sempre gostei.  Nunca pensei que seria melhor ser outra coisa qualquer: homem, animal ou planta. Todavia, não me importaria, sinceramente, se fosse qualquer uma dessas coisas.
Isso acontece porque, na verdade, a forma em que habito é totalmente independente daquilo que sou. Sou muito mais, sou além de. Uma rosa dentro de uma jarra de cristal, num vaso de barro, ou pendente da roseira continua sendo isso exatamente: uma rosa.
Por essa razão, a consciência total desse fato, não me perturba profundamente, o que pensem digam, ou como ajam em relação ao fato simples e básico de ser mulher. Eu sou. Certo?
Ah, mas isso é você-poderão dizer... e eu concordarei. Fui educada para pensar em mim mesma como um ser integral cuja preocupação maior devia ser com sua consciência e suas atitudes,  reconhecer seu valor e suas fragilidades e a trabalhar com elas da melhor forma possível, considerando o fato óbvio que no mundo encontraria gente pior e gente muito melhor do que eu, nas diferentes áreas da vida. E assim tenho olhado o mundo. Não me sinto acima, nem abaixo de ninguém, por essa razão aceito o que quero, quando quero e de quem quero. Duvidam? Sinto muito, mas não tenho que provar nada a ninguém.


Mas e as outras mulheres? Bem, aí fica muito mais difícil a análise da situação A complexidade de infinitas interferências nesse tema daria muitas teses de pós-doutorado e o assunto não se esgotaria tão cedo. Não sou socióloga e minha visão ficaria restrita ao entorno de minhas vivências, portanto, parcial e equivocada.
Acho corajoso, útil e necessário o trabalho desenvolvido por todas as feministas que teorizaram, lutaram e atuaram, e ainda o fazem, no sentido de mostrar às mulheres suas condições deploráveis -em muitos casos- de dependência moral, intelectual, financeira, emocional num mundo de séculos de predominância masculina. Embora acredite que nem todos os caminhos foram proveitosos, ou bem escolhidos, essa falha faz parte de toda ação em que se pretenda romper com padrões milenarmente incrustados nas sociedades.
Mulheres não têm que ser iguais aos homens, não têm que pensar nem agir da mesma forma. Mulheres têm que ser o que são: capazes, independentes, conscientes de seu valor, suas possibilidades, seus direitos, orgulhosas de suas qualidades e suas características. Só assim poderão ‘enfrentar’ de cabeça erguida e sem temores os problemas que as afligem. Nem atrás, nem à frente de ninguém. Lado a lado, numa parceria proveitosa para todos.

Rosa Maria Ferrão –novembro/2015

Um comentário:

Daniel Zandonadi disse...

E poucas mulheres conhecem seus meandros como você, Rosa! Adorei!