Gosto de ser mulher, sempre gostei. Nunca pensei que seria melhor ser outra coisa
qualquer: homem, animal ou planta. Todavia, não me importaria, sinceramente, se
fosse qualquer uma dessas coisas.
Isso acontece porque, na verdade, a forma em que habito é totalmente
independente daquilo que sou. Sou muito mais, sou além de. Uma rosa dentro de
uma jarra de cristal, num vaso de barro, ou pendente da roseira continua sendo
isso exatamente: uma rosa.
Por essa razão, a consciência total desse fato, não me
perturba profundamente, o que pensem digam, ou como ajam em relação ao fato
simples e básico de ser mulher. Eu sou. Certo?
Ah, mas isso é você-poderão dizer... e eu concordarei. Fui
educada para pensar em mim mesma como um ser integral cuja preocupação maior
devia ser com sua consciência e suas atitudes,
reconhecer seu valor e suas fragilidades e a trabalhar com elas da
melhor forma possível, considerando o fato óbvio que no mundo encontraria gente
pior e gente muito melhor do que eu, nas diferentes áreas da vida. E assim tenho
olhado o mundo. Não me sinto acima, nem abaixo de ninguém, por essa razão
aceito o que quero, quando quero e de quem quero. Duvidam? Sinto muito, mas não
tenho que provar nada a ninguém.
Mas e as outras mulheres? Bem, aí fica muito mais difícil a
análise da situação A complexidade de infinitas interferências nesse tema daria
muitas teses de pós-doutorado e o assunto não se esgotaria tão cedo. Não sou
socióloga e minha visão ficaria restrita ao entorno de minhas vivências,
portanto, parcial e equivocada.
Acho corajoso, útil e necessário o trabalho desenvolvido por
todas as feministas que teorizaram, lutaram e atuaram, e ainda o fazem, no
sentido de mostrar às mulheres suas condições deploráveis -em muitos casos- de
dependência moral, intelectual, financeira, emocional num mundo de séculos de
predominância masculina. Embora acredite que nem todos os caminhos foram
proveitosos, ou bem escolhidos, essa falha faz parte de toda ação em que
se pretenda romper com padrões milenarmente incrustados nas sociedades.
Mulheres não têm que ser iguais aos homens, não têm que pensar
nem agir da mesma forma. Mulheres têm que ser o que são: capazes,
independentes, conscientes de seu valor, suas possibilidades, seus direitos,
orgulhosas de suas qualidades e suas características. Só assim poderão
‘enfrentar’ de cabeça erguida e sem temores os problemas que as afligem. Nem atrás, nem à frente de ninguém. Lado a lado, numa parceria proveitosa para todos.
Rosa Maria Ferrão –novembro/2015
Um comentário:
E poucas mulheres conhecem seus meandros como você, Rosa! Adorei!
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