Usualmente as pessoas discutem para tentar trocar ideias
sobre determinadas questões e, quando essa discussão se mantém no exato limite
da divergência colaborativa, isto é, quando cada um dos contendores tenta
acrescentar outros argumentos e pontos de vista complementares às posições do
outro, dá-se o enriquecimento pessoal, a abertura de horizontes o que é
extremamente benéfico a ambos.
Por outro lado, quando o objetivo é a supremacia, a vontade
de “vencer” o opositor, tudo se perde. Quanto mais discordam, quanto mais se
empenham em dominar a voz alheia, mais se fecham em suas próprias “verdades”,
cristalizando o pensamento, pois não abrem canais que lhes permitam vislumbrar
outros caminhos nem descortinam horizontes que desconhecem.
Ora, esta última posição marca indivíduos cujo traço característico
costuma ser o medo de perderem a si mesmos. Não lhes são própria a curiosidade
intelectual e, tampouco, a saudável ousadia de mudar. Aferram-se a conceitos
pequenos e parciais, pois só assim, se sentem protegidos. O senso comum lhes é
confortável, porque se sentem respaldados por aquilo que “a maioria pensa”.
Adoram o ditado ’ a voz do povo é a voz de Deus’ como se povo aí significasse ‘
aqueles que pensam como eu’.
Presos nessa armadilha, preferem chamar de personalidade
forte àquilo que não passa de estreiteza de visão e teimosia. Tal qual crianças
birrentas querem ter sempre razão, por mais que se lhes mostrem provas
concretas.
Pessoas de personalidade forte sentem-se confortáveis
consigo mesmas, não precisam da validação alheia para o que são ou pensam, mas
estão dispostas a ouvir argumentos alheios e a pensar sobre eles, mesmo que
acabem discordando. Quando concordam, não tem pudor em declarar isso, pois
estão isentas do medo de “se perderem”. Sobretudo, procuram usar seu
conhecimento, para ajudar o outro a pensar.
Então, antes de nos definirmos como alguém de forte
personalidade, é preciso ter a coragem de ouvir e pensar, antes de retrucar,
ofender, desmerecer o outro. Pensemos nisso!
Rosa Maria Ferrão.
15/02/2018
Um comentário:
Ótimo texto! A personalidade forte e a grosseiria, andam lado a lado e é preciso sensibilidade para ouvir e não ultrapassar os limites do razoável.
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